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Por Emanuel Silveira, Sócio- Diretor da Telos Transition, LEXNET Prestador de Serviços.
Gestão de crise: o que é, quem levar em conta e como lidar.
O primeiro ponto que gostaria de tratar sobre este tema é o entendimento ou significado da palavra “Crise”. Assim nos mostra a etimologia:
O vocábulo tem sua origem no latim crisis, “momento decisivo”, decalque do grego krísis, “decisão”, que Hipócrates, chamado de “pai da medicina”, já empregava com esse sentido. Em economia, é uma “fase de transição entre um surto de prosperidade e outro de depressão, ou vice-versa”. No contexto Oriental, segundo alguns verbetes encontramos a junção de duas palavras “wei-chi’ que se pode, com certa liberdade interpretativa, ser traduzida como Risco e Oportunidade.
Assim sendo, duas vertentes, ou seja, Ocidental e Oriental, nos levam a uma só conclusão: todo problema é uma oportunidade e um momento de decisão. No âmbito empresarial temos um ponto a observar no que diz respeito à gestão de crise e este é a meu ver o mais relevante dentre todos os elementos responsáveis por uma crise. Refiro-me à pessoas.
Gestão de crise em uma organização, de qualquer tamanho e segmento de atuação, não diz respeito tão somente a aspectos operacionais que, direta ou indiretamente, afetam a sua performance, mas também de tratar esta entidade Pessoas como o mais importante meio e fim para a resolução de uma crise.
A mais de 25 anos atrás, conversando com um executivo de uma multinacional, este me disse que o CEO mundial tinha a meta de fazer com que, do porteiro ao corpo executivo, todos tinham que entender o que a mais alta liderança estava querendo ou, para onde a empresa tem que ir e assim o que cada um tem que fazer. Em um período muito próximo a este evento e ao assumir minha primeira empresa como CEO, meu VP LATAM me disse logo no ato de seu convite:
– “Emanuel, gerar lucro ou eliminar prejuízo é relativamente fácil. Difícil é administrar pessoas”
A partir desta preciosa conversa e o ensinamento do CEO mundial, passei a me preocupar no mesmo sentido. Fazer-me ouvido não apenas me bastava, mas também fazia questão de ouvir a quem me dirigia e entender se o que eu falava era entendido.
A partir destas duas lições e ao longo de meus mais de 20 anos como CEO, compreendi o quão relevante é o papel e a participação dos colaboradores, em todos os níveis, dentro do contexto planejamento e execução, e assim, passei a aplicar o que Peter Drucker chamou de “walk-around ou Walk like Talk”. Esta atitude passou a ser meu comportamento principal antes, durante e depois de qualquer planejamento.
“Walk like Talk”, a meu ver, significa sair da sala e andar pela empresa e mercado para conversar com todos, compreendendo se a mensagem corporativa ou os objetivos que estão sendo lançados são do entendimento de todos tanto no âmbito interno quanto a ouvir o mercado – clientes, consumidores, fornecedores – para compreender demandas ou necessidades e como estas estão alinhadas com os objetivos corporativos.
Assim sendo, em momentos específicos referia-me aos colaboradores e parceiros da seguinte forma:
“Produzimos através de pessoas; compramos matérias-primas ou insumos através de pessoas; administramos através de pessoas; vendemos através de pessoas e por sua vez pessoas consomem nossos produtos e serviços”.
Tendo esta observação como uma verdade, entendo que ao conhecermos profundamente toda esta cadeia de relacionamento conseguiremos minimizar impactos não desejáveis ou, preferencialmente, atingir os alvos conforme planejado.
Mas tenho que confessar que esta é não apenas a mais importante tarefa que um líder deve puxar para si, mas a meu ver a mais difícil. Entender anseios, desejos e comportamentos do ser-humano vem sendo uma árdua tarefa a décadas. As organizações mundo afora gastam bilhões de dólares americanos em consultoria de gestão, mesmo assim poucas possuem assertividade quanto ao entendimento deste elemento tão importante, Pessoas.
Tempos atrás cheguei a usar uma expressão que virou mote nas organizações. Refiro-me à tão repetida “O funcionário é o principal ativo da empresa”. Arrependo-me de tomar uso de tal expressão e ao mesmo tempo a bani de meu vocabulário. Pessoas, seres humanos, não são ativos. Não devem ser correlacionados a um bem de capital ou hardware. Pessoas são o coração de uma organização, de uma família e da sociedade.
Em recente artigo, escrito e publicado na página do LinkedIn da Telos Transition pela nossa Sócia & Diretora Gisele Gaspar, de título “Quem é o líder agora”, há uma importante afirmação:
“Sem dúvida nenhuma é o momento de termos gente cuidando de gente!”
O papel das Pessoas nunca foi tão importante na história corporativa e na vida de forma geral. Crise, seja econômica, financeira, moral, de crença, ou sanitária, não deve ser encarada por softwares ou hardwares, mas por Pessoas. Tomamos uma expressão Inglesa e a utilizamos em uma divisão de negócios da Telos que bem representa nosso mote, nossa orientação. Refiro-me ao termo “Human2Human” ou, em outras palavras, de Pessoas para Pessoas.
Concluindo, toda crise deve ser encarada como oportunidade de transformar ou transacionar de um estado para outro, sendo que esta transformação deve ser realizada por Pessoas.
Nós, da Telos Transition, temos este olhar. Temos uma perspectiva onde não importa a crise a ser enfrentada. Não importa o modelo de negócio escolhido. Importa sim que a nossa solução está baseada no renascimento do valor intrínseco das relações entre o poder decisório e o poder da execução, entre o “Human2Human” ou de Pessoas para Pessoas.
Finalizo usando um pensamento de um autor e psicanalista que muito aprecio, Viktor Frankl:
“O propósito da vida é fazer aquilo que você ama e viver uma vida com significado, vivendo realizado mesmo em tempos complicados”.