LEXNET
Artigos
Comentários desativados em Responsabilidade Corporativa, inovação e a longevidade das organizações
O texto é do advogado Bernardo Portugal, professor especialista em direito societário e governança corporativa, sócio do escritório Portugal Vilela Almeida Behrens Direito de Negócios, LEXNET Belo Horizonte. Ele aborda a Responsabilidade Corporativa nas organizações.
Responsabilidade Corporativa, inovação e a longevidade das organizações
De todos os princípios da Governança Corporativa o mais abrangente é o da “Responsabilidade Corporativa”, que traduz o compromisso de os administradores e colaboradores de zelarem pela viabilidade econômico financeira das organizações, com visão de longo prazo. Até a pouco tempo, essa responsabilidade estava associada apenas aos aspectos ambientais. No entanto, o mundo atual indica para uma perspectiva mais ampla, considerando os diversos capitais envolvidos, sejam eles o financeiro, intelectual, humano, social ou reputacional. Ou seja, articular um plano em conexão com a Responsabilidade Corporativa indica a busca pela maior longevidade de uma organização.
Vale frisar sempre que, segundo o Código de Melhores Práticas do IBGC (5ª Edição), Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e o controle das demais partes interessadas (stakeholders). Neste sentido, almejar atingir a denominada Responsabilidade Corporativa é passar a perceber a organização em sua acepção mais abrangente. Além de buscar implementar os princípios da Transparência, Equidade e Prestação de Contas de forma objetiva, cabe aos gestores imaginar como se preparar para suplantar as adversidades e superar as barreiras do tempo.
Antigamente, uma organização que possuísse um modelo de negócios estabelecido, com clientes, faturamento e geração de EBITDA positivo, tinha o caminho aberto para garantir longos anos de resultados financeiros. Ocorre que as mudanças tecnológicas estão sendo tantas e tão rápidas que, em um curto espaço de tempo, um novo player pode derrubar barreiras de mercados, mesmo para aqueles considerados como grandes corporações, tornando-se um novo e relevante ator apto a obter sucesso e longevidade. Como exemplo, vale resgatar o que aconteceu com o mercado da telefonia fixa com a entrada do Skype, na telefonia celular com a disseminação do uso do WhatsApp, no transporte com o advento do Uber\Cabify e outros, e no mercado de hotelaria com a explosão do uso do AirBnB, entre outras tantas mudanças tecnológicas que já revolucionaram nosso modo de vida. Para enfrentar este desafio, as empresas precisam, antes de qualquer plano, abrir a mente de seus gestores para a inovação, hoje um artifício estratégico e imprescindível para a sobrevivência das organizações, e que precisa ser pauta do Conselho de Administração e nas prioridades do CEO.
O que isso tem a ver com Governança Corporativa? Uma organização que pretenda ter longevidade precisa ser capaz de enxergar o futuro, para além da geração que hoje zela pelo seu presente. Para tanto, é importante que o Planejamento Estratégico envolva a preparação da sucessão empresarial. Sucessão que, atualmente, não é mais sinônimo apenas da substituição de executivos ou morte de sócios. Sucessão é algo vivo e dinâmico, que obviamente precisa estar alinhada às regras de ingresso e ascensão de herdeiros – no caso de empresas familiares. Mais do que isto: em um mundo tão volátil, incerto, complexo e ambíguo, a empresa que queira perenizar-se deve incorporar a inovação como uma das suas principais atividades de gestão estratégica e como elemento fundamental de sua Responsabilidade Corporativa.