Cabecalho  
 
44ª EDIÇÃO - 10 de Setembro de 2012
 
  INSTITUCIONAL  
 

DISCUSSÃO DE PONTA

 

COPA: O OUTRO LADO DA MOEDA
Por Gabriela Pereira, LEXNET Salvador.

 

Nos Estados Unidos (1994) e na Alemanha (2006), por se tratarem de países desenvolvidos e que já possuíam uma excelente infraestrutura, o investimento foi mínimo e o retorno financeiro apesar de não ter sido dos melhores não deixou os países no prejuízo.

Já na Coréia do Sul (2002), mesmo se tratando de um país desenvolvido, o resultado pós-copa não foi tão positivo, pois não houve planejamento estratégico para a reutilização dos estádios após os megaeventos.

Na África do Sul (2010), a situação foi bem diferente, o país precisou arcar com investimentos muito elevados para proporcionar uma melhor estrutura e por esta razão, o ganho acabou não compensando os gastos.

O fato é que investimento em eventos nos países subdesenvolvidos acaba por prejudicar investimentos que são essenciais para o desenvolvimento do país, tais como saúde, educação, etc. Então, nesses casos os governos acabam gastando essa verba em detrimento de outras, o que no momento pode parecer interessante, porém em um momento pós-evento prejudica e muito a população daquela localidade.

Na África do Sul, por exemplo, foram construídos cinco estádios, porém desses cinco, somente um não está sendo subutilizado. O Green Point, estádio que fica na Cidade do Cabo e durante a copa recebeu oito jogos no Mundial apesar de receber turistas até hoje, ninguém quer usá-lo, pois ele tem capacidade para mais de 50 mil pessoas e uma vista inigualável, porém a empresa francesa que seria responsável pela administração depois da Copa percebeu que o negócio era prejuízo certo e desistiu de administrá-lo.


Desta forma, sediar a copa do mundo é muito mais do que simplesmente atrair os olhos internacionais para aquele país, mas assumir gastos que podem não dá retorno, pois um megaevento como este ocasiona impactos socioeconômicos.

No Brasil as maiores geradoras de empregos serão as micros e pequenas empresas, ligadas à construção civil, alimentação, lazer, limpeza urbana, hotelaria. Com a grande demanda, é normal esperar que haja muitos empregos, porém com o término desses eventos as pessoas serão demitidas e, consequentemente, a taxa de desemprego irá subir novamente.

Assim, o que precisa ser verificado é quem ganha com isso? Os cidadãos, as pequenas empresas ou os grandes empresários? Certamente para a população em geral, não haverá tantos ganhos a ponto de investir bilhões e desassistir áreas que são imprescindíveis para a dignidade da pessoa humana.


*Gabriela Pereira é advogada, membro do Núcleo Construção do MBAF Consultores e Advogados, LEXNET Salvador, e especialista em Direito Imobiliário pela UNIFACS.

 
 
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