Acesso ao associado Login: Senha:
PT | PT | PT | PT

Expansão da Indústria Farmacêutica: Qual é o melhor remédio?

Por: Dr. Igor Azevedo Silva Almeida é advogado coordenador e membro do Núcleo Saúde do MBAF Consultores e Advogados, LEXNET Salvador, especialista em Direito Tributário pelo JusPodvim.

saude@mbaf.com.br | pensedireitosaude.blogspot.com

O aumento na renda e o acesso a mais diagnósticos pelas classes D e C fizeram com que os brasileiros gastassem em 2010 68% a mais com produtos farmacêuticos do que em 2006, fato que transformou este mercado na nova galinha dos ovos de ouro na área de saúde. Nos seis primeiros meses de 2011 as indústrias farmacêuticas brasileiras já faturaram mais R$ 19,52 bilhões.
O crescimento deste seguimento de mercado tem atraído cada vez mais atenção, e hoje, mesmo os hospitais, que sempre se voltaram para prestação de serviços, já estão aproveitando a nova tendência para turbinar seus lucros. Para se ter uma idéia, em 2006 as indústrias farmacêuticas brasileiras faturavam anualmente R$ 21,45 bilhões. Passados 04 anos, esta cifra cresceu 40% (R$ 8,72 bilhões), fechando 2009 com R$ 30,17 bilhões. Em 2010, no entanto, o mercado passou a crescer em um ritmo muito mais acelerado. O índice de crescimento alcançou incríveis 20%, um acrescimento de R$ 6,07 bilhões no faturamento que fechou o ano em R$ 36,24 bilhões.
Esta nova realidade tem feito as redes farmacêuticas se unirem para ampliarem seu mercado e tornarem-se ainda mais competitivas. Hoje as duas maiores do ramo no Brasil são fruto de fusões bem sucedidas e seus faturamentos, somados, chegam a R$ 8,4 bilhões ao ano. A atual líder de mercado nesse quesito é a DPSP, nascida da fusão entre a Drogaria São Paulo e a Pacheco, com R$ 4,4 bilhões. Em segundo lugar está a Raia Drogasil, fruto da união entre a Raia e a Drogasil, com R$ 4 bilhões faturados. Em número de lojas a uma inversão nesta ordem por uma pequena diferença, 700 contra 691.
A Brazil Pharma, criada pelo banco BTG Pactual para ser a maior do Brasil, ainda tem faturamento anual bem abaixo das gigantes do mercado, 1,1 bilhão, mas pretende reagir investindo os 414 milhões provenientes da abertura de seu capital. A meta é crescer fora de São Paulo onde segundo seu presidente Andre Sá, ?a competição é menor e o número de clientes cresce mais?. Um dos alvos parece ser Minas Gerais onde, embora ainda não tenha confirmado oficialmente, a empresa pretende adquirir a Araújo, maior rede do estado, com 100 lojas e um faturamento anual de 850 milhões.
Uma boa idéia seria investir no nordeste, pois embora a região líder em número de unidades vendidas seja a Sudeste com 54,2% do total, o nordeste demonstrou um relevante crescimento, passando a região Sul que há muito tempo segurava a segunda posição. Hoje o Nordeste representa 17,3% das unidades vendidas contra 16,86% da região Sul. Mesmo assim a antiga segunda colocada ainda detém um faturamento maior que a atual. Com uma parcela de 17,2 % do total faturado o Sul arrecadou R$ 3,57 bilhões enquanto o Nordeste ficou com 16,2% (R$ 3,37 bilhões). Também neste quesito, o Sudeste lidera com uma participação de 54,18% (10,57 bilhões).
Neste frenesi de compra e venda de remédios os laboratórios que pretendem abocanhar uma fatia maior do mercado, precisam responder a seguinte pergunta: é melhor investir na criação de novas drogas ou voltar minhas atenções para os genéricos?

Mais vendidos no Brasil em 2010
1º) Microvlar (contraceptivo)
2º) Puran T-4 (tireóide)
3º) Rivotril (tranquilizante)
4º) Neosoro (descongestionante nasal)
5º) Hipoglós (combate assaduras)
6º) Ciclo 21 (contraceptivo)
7º) Salonpas (antireumático)
8º) Buscopan (analgésico, antiespasmódico)
9º) Neosaldina (analgésico)
10º) Dorflex (relaxante muscular)

Para que pretende apostar na inovação as principais barreiras serão o alto custo envolvido na pesquisa e no desenvolvimento e o risco de não reaver a quantia investida, mesmo descobrindo uma nova droga. Segundo dados do Centro de Medicamentos da Universidade de Tufts em Boston, o valor necessário para se criar uma nova droga gira em torno de US$ 1,3 bilhões e apenas 03 de cada 10 remédios recuperam este investimento. No Brasil esta dificuldade é potencializada pela falta de incentivos a pesquisa. Como disse Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria de Serviços farmacêuticos do Estado de São Paulo, a revista Dinheiro: ?A maioria dos laboratórios nacionais se especializou na produção de genéricos porque é muito caro fazer pesquisa no Brasil, pois não existem incentivos tributários.?
Mesmo diante deste cenário, há aqueles que decidiram enfrentar as dificuldades e tem obtido sucesso com a criação de novas drogas. É o caso do laboratório Paulistano Aspen, no mercado desde 1969, em portfólio com mais de 30 princípios ativos, apenas, uma das drogas produzidas pode se considerada como genérico. Postura que não será alterada nos próximos anos. Renata Spallicci, diretora de assuntos corporativos, afirmou recentemente que a proposta para o futuro é continuar investindo em pesquisa: ?Nossa filosofia sempre foi, e continuará sendo, desenvolver novos medicamentos?. Hoje o laboratório já fatura anualmente R$ 311 milhões e pretende investir R$ 55 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos e na ampliação de sua fábrica em São Paulo. O objetivo é triplicar o faturamento e a produção até 2020.
Sem dúvidas, quem pretende adotar um modelo de negócios pautado em riscos controlados deve investir no ramo dos genéricos, sem medo de esta fazendo uma má aposta. De acordo com dados do IMS health, instituto que audita as indústrias farmacêuticas no mundo, eles representaram 21% dos medicamentos vendidos em 2010, movimentando por volta de R$ 6,2 bilhões, um crescimento de 33%. Mas, aqueles que decidirem encarar os riscos, descobrir um novo medicamento pode alavancar seus lucros a um patamar superior ao de qualquer genérico. Somente de julho de 2009 ao mesmo mês de 2010, os não genéricos venderam 2 bilhões de unidades, 15% a mais que o ano anterior. Um crescimento 2 vezes maior do que o que vinha apresentando. Alem disso, são eles que dominam a lista dos 10 remédios mais vendidos no ano passado. Então, o que você acha, vale a pena arriscar?